sábado, 1 de outubro de 2016

[Resenha] Boa Noite - Pam Gonçalves

Autora: Pam Gonçalves
Editora: Galera Record
Páginas: 240
Classificação: 4.5/5 estrelas
Título Original: Boa Noite

Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação - em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números -, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. 

Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa.

Resenha:

Boa noite, Alina!

Conheci a Pam Gonçalves em 2011, quando fui procurar uma resenha de Delírio mas o Google acabou me mostrando uma dela de Destino. A partir daí, a acompanho e fiquei extremamente feliz quando ela anunciou que lançaria dois livros, um em conjunto com três amigos (O Amor nos Tempos de #Likes, que será minha próxima leitura) e outro solo. Ao ler a sinopse de Boa Noite, acreditei que o livro seria um romance com um pouco de drama, mas após ler, comprovei que o livro era muito mais do que eu imaginava.

O romance, claro, está presente por meio de vários casais; mas o foco de Pam é trabalhar temas que precisam ser discutidos na sociedade, como machismo, preconceito racial e estupro. O que Alina sofre em sala de aula é revoltante! Não foi uma surpresa que os colegas dela tratassem as meninas da turma daquela forma, pois já é algo comum; o pior foi ver professores apoiando esse comportamento, é ainda mais inadmissível do que por parte dos alunos. Sou contra qualquer tipo de preconceito, então Pam conseguiu me envolver em todos os exemplos colocados no livro, pois assim como Alina, eu queria acabar com todos. Por isso, é claro que o livro possui um toque de feminismo. Mas não, Pam não força o leitor a dizer "Sou feminista!", ela apenas expõe o que todas as pessoas deveriam aceitar: todos temos o direito de ser o que e quem queremos ser, principalmente as mulheres, que sofrem preconceito por motivos fúteis.

Os personagens são de fácil identificação. Temos a garota que quer mudar; o garoto típico "príncipe encantado"; a melhor amiga feliz, mas que esconde traumas... Enfim, são estereótipos que já vimos em vários outros livros. O que não é necessariamente algo ruim, afinal um clichê é bom ser for bem trabalhado. E é isso que Pam faz com seus personagens. Apesar de gostar muito de Alina e me identificar com várias situações que ela passou no Ensino Médio, Gustavo conseguiu me cativar mais pois tem pensamentos e ações muito parecidas com o que eu penso ou realizaria. Manu conseguiu me divertir em alguns momentos, me irritar em outros - o que foi bom, pois retratou o "ninguém é perfeito" perfeitamente -; e Talita e Bernardo, apesar de não terem tanto destaque quanto os três primeiros, também conseguem ganhar nossa torcida, assim como as amigas de turma de Alina. E se você gostar de antagonistas que nós só conseguimos odiar sem nenhum outro envolvimento, Pam insere vários durante a narrativa.

E esse é outro ponto positivo do livro. A escrita de Pam é simples, direta e descritiva ao mesmo tempo. Vi muita gente comparando a escrita com a de Jennifer Brown, e apesar de não ter lido nenhum livro da autora ainda, acredito que deva parecer mesmo, afinal o objetivo do livro é conscientizar as pessoas, então uma escrita "pesada" é necessária em alguns momentos. E o já citado o romance me convenceu. Várias pessoas disseram não sentir química entre Alina e Gustavo, mas eu, particularmente, gostei muito da interação dos dois. O relacionamento deles lembra muito romance sobrenaturais em alguns momentos, como quando Alina o flagra lhe observando, mas não foi algo que prejudicou a obra.

O único ponto negativo foi o livro ter sido curto. Acredito que se Pam tivesse acrescentado trinta páginas a mais, o final teria sido menos corrido. Não foi um final decepcionante, muito pelo contrário. É que Pam consegue nos fazer odiar tanto os antagonistas e seus modos absurdos de tratarem as pessoas que queremos ver cada segundo de suas quedas, e esse ponto em questão foi bem corrido. Entretanto, Pam conseguiu passar o que queria com o livro e isso é o mais importante. Ela mostrou que é possível envolver, conscientizar e confortar pessoas com uma história simples e real, que pode acontecer a qualquer momento - o que, claro, torcemos para não acontecer. Esse é um bom exemplo de livros que podem ser usados em escolas, como Os 13 Porquês e Por Lugares Incríveis. Já estou ansioso para novas histórias suas, Pam!

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PS: Dia 25/09, conheci a Pam aqui em Fortaleza e ela autografou meus exemplares de Boa Noite e O Amor nos Tempos de #Likes. Conversamos sobre o trailer "Fallen" e nem preciso dizer que meu carinho e admiração por ela só aumentou, não é?! hahaha ♡

2 comentários:

  1. Olá!
    A Pam é um amor de pessoa e tô louca pra ler esse livro, além de conhecê-la - também quero autógrafo, hehe -. Esse tipo de livro não é muito minha cara, mas achei muito legal o fato de tratar de temas tão importantes e polêmicos, precisamos mesmo refletir sobre tudo isso. Acabei de conhecer o seu blog e gostei bastante, sucesso!

    (letitbela.com)

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    1. Obrigado, Isabela. Espero que você consiga conhecê-la e goste do livro, hahaha. Desejo tudo em dobro pra você :)

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