quinta-feira, 20 de outubro de 2016

[Crítica] The O.C. - 1ª Temporada


Duração: 45 minutos
Nº de episódios: 27 episódios
Classificação: 4.5/5 estrelas
Exibição: 2003/2004
Emissora: Fox

Nota: Todas as quatro temporadas de The O.C. estão disponíveis na Netflix desde 15 de Outubro de 2016.

Orange County (de onde vem a sigla O.C.) é um paraíso localizado na Califórnia onde tudo aparenta ser extremamente "perfeito". Porém, por trás dos muros das mansões, mundos são destruídos, pessoas desmascaradas e segredos vêm à tona.

A vida de Ryan poderia ser totalmente diferente se o advogado Sandy Cohen não tivesse optado por adotá-lo, para que ele voltasse às ruas após sair da prisão. Em Orange County, sua vida se mistura a do "irmão" Seth e de Marissa, Summer e outros habitantes do rico condado da Califórnia.

Review:
(Spoilers abaixo!)

''California, Here We Come...''

Quem começou a ver séries na década de 2000 (ou até depois), provavelmente já deve ter ouvido falar de The O.C. Essa é uma das minhas séries favoritas e minha história com ela começou lá em 2006, quando o SBT exibia diversas séries nas manhãs de domingo, ela inclusa, e estava em algum episódio da terceira temporada. Eu assistia episódios avulsos, pois era pequeno e ás vezes nem sempre lembrava que iria passar. Foi só em 2010 que consegui acompanhar todas as temporadas cronologicamente, quando adquiri os DVDs, pois estava naquela famosa fase onde você ama o trabalho de um ator e quer assistir tudo o que ele já fez - nesse caso, era Mischa Barton. Original, postei as críticas das quatro temporadas em um blog que faço parte, o Meu Mundo Alternativo; mas com a chegada da série na Netflix, resolvi reescrevê-las e postar aqui também. Prontos para conhecerem ou revisitarem Newport?

A série conta a história de Ryan Atwood, um adolescente de dezessete anos que após quase ser preso por ser coagido a ajudar o irmão mais velho em um roubo, é levado por seu advogado, Sandy Cohen - sensibilizado com sua situação, expulso de casa pela mãe e sem ter para onde ir -, para morar com ele, em Orange Country, Califórnia. Lá, Ryan conhece e cria um laço de amizade com Seth, filho de Sandy; Summer Roberts, por quem Seth é apaixonado desde a infância; e por fim e mais importante Marissa Cooper, sua vizinha e interesse amoroso. Mas claro que nada será fácil em sua nova vida, e na cidade, o garoto será alvo de preconceitos, principalmente por Luke e Julie, o namorado e a mãe de Marissa; os demais ricos do local e, no começo, pela esposa de Sandy, Kirsten, assustada com o marido trazendo teoricamente um ex-presidiário para dentro de casa. Felizmente, ela logo percebe que Ryan não é um mau garoto e seu instinto materno fala mais alto.


O problema maior é com o próprio Ryan, que precisa se aceitar. Muita gente não gosta do personagem, mas ele é um dos meus favoritos porque o entendo. Ele sempre esteve acostumado a só se dar mal e ser maltratado e, do nada, as coisas mudam? Por isso o medo dele de se envolver, pois tudo pode acabar de uma hora para outra. Mas é óbvio que Ryan não conseguiria manter esse bloqueio por muito tempo, e logo se rende ao sentimento que tem por Marissa. A maioria dos fãs gostam mais de Seth e Summer - que também amo, claro - por ser o típico relacionamento de um nerd com uma patricinha, mas desde o início, torci muito mais por esses dois. Eles eram totalmente diferentes, mas iguais ao mesmo tempo. Se Ryan era um estranho no paraíso, Marissa também, porém no lugar onde ela nasceu e sempre viveu. Por isso, a atração foi imediata e os dois se completavam, de certo modo. São um meus casais de séries preferidos, definitivamente.

Mas além dos problemas de autoaceitação, os dois ainda precisam enfrentar as pessoas tóxicas à sua volta. O primeiro foi Luke, namorado de Marissa e o típico machista que a traía com todas que lhe dessem bola, e que não aceitava perdê-la para seu mais novo inimigo por puro ego. Mas Luke não chega nem perto do estrago que foi Oliver. Ele, sim, foi um vilão que nós fez desejar sua morte o mais rápido possível, pois enquanto Luke era apenas um garoto rico e mimado, Oliver era mentalmente instável e fez inúmeras loucuras. Literalmente. Certa vez, vi em um site uma análise que dizia que a relação de Marissa e Ryan se perdeu após Oliver e concordo, em partes.

Mesmo que muito da confiança que tinham um pelo outro fora quebrada por causa de Oliver, como o texto apontava, o sentimento sempre esteve ali nas temporadas seguintes e eles sempre tentavam se acertar, pois a vontade de fazer dar certo ainda existia. E apesar dos problemas, essa temporada foi uma das melhores para o casal. Temos cenas incríveis, como a do primeiro beijo na roda gigante; o tão esperado "eu te amo" de Ryan para ela - algo que ele queria dizer bem antes, mas simplesmente não conseguia pelo receio de expor seus sentimentos; e, claro, a minha favorita, a primeira, quando os dois se conhecem e ele responde um "quem você quiser que eu seja" quando ela pergunta quem é ele.

Muitos, principalmente os haters da personagem, dizem que Marissa foi ingênua em relação à Oliver. E realmente foi, mas Marissa sempre quis ser amada e apoiada, por nunca ter esse tratamento em casa. Sua vida era quase de uma princesa e, do nada, seus pais se separam; ela descobre que o pai não passa de um golpista e a mãe de uma mulher manipuladora e ambiciosa; seu relacionamento com Ryan estava de mal à pior... Enfim, tudo desabou. Então, Oliver foi aquele ''amigo'' que a ajudou quando ela mais precisava e a entendia, e ela apenas quis retribuir. Por isso é fácil entender o porquê ela não percebeu que a intenção de Oliver de sempre estar perto dela era, na verdade, uma obsessão.


Em contraste à todo o drama de Ryrissa, precisávamos de um escape e recebemos isso com Sethummer. Mesmo possuindo um pouco de drama também, o desenvolvimento dos dois foi bem mais cômico. Seth foi e é até hoje um dos melhores personagens de seriados de todos os tempos, e é incrível como você gosta, se identifica e torce por ele desde o Piloto. Torcida essa que só aumenta quando descobrimos seus sentimentos por Summer, a típica patricinha que o esnoba e que só percebeu que sentia algo a mais por ele quando o viu se aproximar de outra garota. Porém, diferente de Oliver, Anna resultou em um triângulo amoroso benéfico pois, por mais que sejamos Team Summer e saibamos como tudo vai terminar, não podemos negar que foi Anna quem ajudou Seth a superar suas inseguranças e medos. Foi ela quem esteve ao lado de Seth em vários momentos que Ryan não podia, por estar com seus problemas e de Marissa, por isso a amizade que os dois criam é muito bonita.

Jimmy Cooper também teve seus plots e apesar da maioria, como a tentativa de criar um triângulo entre Kirsten, ele e Sandy, não acrescentar muita coisa para a série, o que descobrimos seus golpes foi o pontapé inicial para os problemas de Marissa e Julie. Particularmente, já havia percebido que Jimmy não acrescentaria em muita coisa na série após essa série de tentativas de tramas sem graça, mas ele ainda durou na série por mais uma temporada, infelizmente. Chega até a ser irônico que tenham insistido nele e não em Luke que, após um começo como um personagem podre, se mostrou um pouco "gostável". Tudo isso porque seu pai era gay e ele descobriu tudo, virando motivo de chacota por seus amigos e sendo amparado apenas pelo Fab Four, que ele tanto criticou. Aquelas voltas deliciosas que o mundo dá, não é mesmo?!

Essa reviravolta em sua família o motivou a ser uma pessoa melhor e foi interessante acompanhar sua evolução e início de uma amizade sem toxicidade com Ryan, Seth e Marissa - tentando até alertar a última sobre Oliver, porque gente ruim reconhece gente ruim. Luke teve até um relacionamento proibido com Julie, rendendo momentos hilários. Pena que não investiram mais nos dois pois era uma coisa tão louca que chegava a ser a engraçada, e Luke acabou saindo do elenco regular da série no fim dessa temporada. Mais uma injustiça, afinal tem tantos personagens mais insuportáveis em outras séries que estão nelas até hoje - olá, Matt Donovan!


Com o fim da temporada chegando, Theresa, ex de Ryan reaparece grávida, e destrói não só o namoro dele com Marissa, como o de Summer e Seth, pois com a partida do amigo, Seth faz a loka e abandona a família e namorada, deixando uma carta para eles e indo velejar pelo oceano. Diante da perda dos dois filhos - pois Ryan era tão seu quão Seth - Kirsten nos rende uma das melhores cenas da temporada, quando chora descontroladamente ao descobrir a partida de Seth. Já Marissa, por mais que não fuja ou chore, também demonstra toda sua dor ao perder Ryan quando, em sua última cena a vemos vendo-se novamente sozinha naquele mundo. Não foi preciso de mais nenhuma ação para percebemos o quanto ela precisa de Ryan em sua vida e que foi ele quem a resgatou do buraco negro que a garota afundava cada vez mais antes de conhecê-lo.

E além de todos esses momentos e personagens icônicos, foi já nesse ano inicial que conhecemos o Natanukká, criação de Seth para unir o Hanukkah e o Natal e comemorar ambas as datas com os pais, pois Sandy é judeu e Kiki, cristã. Quem nunca quis entrar na TV e participar da festa com todos? Fiquei até surpreso quando o Josh Schwartz (criador da série) revelou em uma entrevista alguns anos após o fim do show que os executivos da FOX queriam que Seth tivesse sido cortado do Piloto por acharem que o público não gostaria do personagem, decisão essa que Josh felizmente não aceitou. Mais uma prova de que o mundo dá voltas, não é mesmo?!

Acredito que o grande diferencial de The O.C. foi ser uma série simples, assim como One Tree Hill. É fácil ser conquistado por um filme, série ou novela onde você encontra personagens com características e ações semelhantes às suas, que passa pelos mesmos problemas que você, seja familiares ou sociais. Sempre tinha um momento que você passou ou estava passando. Por isso, a série conquistou tantas pessoas quando era exibida - sendo a Gossip Girl da época, digamos assim. E essa primeira temporada reúne muito bem esses elementos. É a maior em número de episódios e, ainda assim, a bem mais estruturada. Prontos para a 2ª temporada? As coisas estarão bem mais quentes!

Nenhum comentário:

Postar um comentário