Autor: Ray Bradbury
Editora: Biblioteca Azul | Globo
Páginas: 215
Classificação: 4/5 estrelas
Título Original: Fahrenheit 451
Fahrenheit 451, de Ray Bradubury, descreve um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo.
Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos.
O protagonista, Guy Montag, é um bombeiro que tem certeza de que seu trabalho é a coisa mais certa a fazer. Mas tudo muda quando ele conhece e passa a conversar com a adolescente Clarisse, sua vizinha, e que possui pensamentos diferentes sobre livros. A partir desse encontro, Guy começa a questionar os ideais e crenças que cultivou desde a infância.
Resenha:
"Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum." (pág. 86).
Fahrenheit 451 sempre foi um livro que me despertou curiosidade não só por sua importância para a literatura, mas pelo enredo intrigante. E agora, após lê-lo, entendo o porque ele é tão apreciado. É um dos livros que chega até a ser difícil resenhar, mas tentarei.
Começando pelos personagens, todos são importantes na trama. Montag não nos conquista de cara, apesar de conseguirmos entendê-lo — o que é compreensível, já que sua virada é por conta de Clarisse. Sua mudança pode até soar súbita, devido à quantidade de páginas (215 é bem pouco para uma história tão cheia de camadas como essa), mas não prejudica sua trajetória. A esposa de Montag, Mildred, reproduz muito bem algumas pessoas que "todos conhecemos"; assim como Beatty, uma figura autoritária e no poder, que acha que seu ideal é o único verdadeiro (lembra alguém?). Mas é inegável que Clarisse é o tipo mais chamativo da história e que nos desperta curiosidade.
Na história em si, a parte que mais me chamou atenção foi o porquê de começarem a queimar os livros. Parece até loucura um livro escrito há quase 70 anos ser tão atual, principalmente nessa explicação, que se assemelha muito a nossa sociedade atual. E esse é o ponto alto da narrativa: ela é atemporal. Mesmo nos anos passados, se analisarmos, a sociedade ainda era parecida com a da história; por isso, é um livro que nos faz querer pensar e debater sobre os acontecimentos.
Os únicas coisas que me incomodaram foram a escrita de Ray Bradbury em alguns momentos, pois me soavam confusas e eu me desconectava da história, e o destino de Clarisse. Entendo a intenção do autor com o fato, mas uma personagem tão importante merecia mais. Ainda assim, Fahrenheit 451 não deixa de ser uma obra importante e que merece ser lida.
O livro possui duas adaptações para filme, uma de 1966 e outra de 2018. A primeira é muito boa e fiel a obra, com poucas mudanças, além de dar um melhor final para a personagem Clarisse; mas na segunda, infelizmente, pouca coisa se salva, já que 95% do enredo do livro é esquecido. Um dos poucos pontos positivos nela é a tecnologia futurística.
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